Não na Imagem dele
Semelhança. Na mudança, corria-se atrás de uma saúde inexistente, que jamais poderia ser alcançada, pois era uma saúde doente; línguas envenenadas a glorificavam, e eu percebi o veneno.
PROSAPOESIAESPIRITUALIDADE
Virya Escritos
9/14/20243 min read


Semelhança. Na mudança, corria-se atrás de uma saúde inexistente, que jamais poderia ser alcançada, pois era uma saúde doente; línguas envenenadas a glorificavam, e eu percebi o veneno. Espelho de Herança era cortado e quebrado por vermes sedentos, mas não jazia em cemitério o Espírito de que se tinha contato. Não estava derrotado o amanhecer de uma Era Dourada, nunca esteve, havia apenas a falsa imagem de que a derrota havia ocorrido.
Aquele que manifesta a Força, aquele de alta extirpe, aquele que percorre as ilhas, que experimenta o largo azul, não se assemelha ao senhor dos escravos, dos derrotados: um mestre que exalta às manifestações fúnebres como sendo de teor vivo, que influencia à sua multidão para a total absorção da individualidade. Em uma completa perda de identidade se cai pela obediência a semelhantes figuras, credos do que dorme eternamente, não do que desperta; para homens feitos à imagem da mediocridade, da feiúra.
Quanto aos guerreiros dourados, percebe-se que sua origem tem base não na imagem do que é flagelado, mas na daquele que Ascende, que em todos os campos transpõe sua força, que é verdadeiramente limpo, limpo de tendências podres que o proíbem de expressar seu verdadeiro Eu, grandioso, impetuoso, violento. Aço, muito aço, e ali uma mensagem enviada, uma carta escrita, algo a ser revelado pelo conhecimento interno e externo, sabedoria aplicada sobre matéria, mas não destinada a todos: apenas aos que se fazem maiores que a tempestade. O absurdo circunscrito superava muitas palavras ditas ao ar, e muitas errôneas observações feitas sem visão, de olhos fechados; fechados para se manterem puros, segundo a moral decadente.
Da experimentação de vinho renascido, refinadamente transformado, a mente permite a entrada para as impressões carregadas de desejo, vontade. Diferenciam-se entre si duas mortes: elevada e baixa. A baixa, de teor apodrecido e enfraquecido, se manifesta na negação da Vontade, daquilo que se merece por junção de Essência e Ato — o Ato será o trazer a essência para fora, colocá-la lado a lado ao mundo, isto é, trazê-la para a realização prática –, e a elevada na realização heróica, o traçar do caminho flamejante.
As aves que cantam em espaço profundo não são as mesmas durante a viagem ao escuro, justamente porque negação da Vontade é negação de Vida, que, por sua vez, está ligada ao Poder… Poder esse que não se baseia nas fúnebres trocas e relações, mas essencialmente numa afirmação, numa perfeita frase em movimento e constante expansão.
Como que uma tentativa de calar a voz interna é a imobilidade da ação indiferente, que não difere do lodo que percorre os confins devastados da ação morta. Corvos em estado de putrefação sobrevoam o abismo inexpressivo da falta de energia e daquilo que seria, que poderia ser, mas que, no entanto, não é; e isso por conta própria, pois, enquanto olho para a janela, vejo o autor e percebo que ele escreve suas histórias com as próprias mãos, algo inovador para aqueles que jamais ousariam sair das terras de conforto vampírico.
Fazendo a preparação do velório, gostaria de algumas flores? Não, não… Elas são brilhantes demais para um evento tão carente de significado como é o fim dessa sua falsa epopeia. Considere, então, que o único som seja o dos vermes rastejando debaixo da terra. Considerar… Eis uma excelente palavra, lembra uma dança constante. Movimentos coordenados, mas você está parado; música contagiante para o coração, mas você é agora surdo. Uma morte sem honra, a vergonha se faz presente, que situação trágica, ou melhor, vazia.
Em contraste ao culto à grande pobreza, aquele que da Luz é Portador se faz sal da terra e embeleza ainda mais os céus de brilho radiante, voo destemido caracterizando gritante potência interna. O experienciar do que é bom, capaz, afirmativo, ousado. Jamais venceria a inerência olímpica o ideal rastejante, que encontra satisfação em sua própria humilhação: denúncia notável de sua incapacidade. Façanha das altas cidades, completo oposto da vergonha generalizada. Sensacionalmente Sensitivo, cativante é o ideal de linha vertical, contemplador da Luz do Sol, numa direção Fálica e autoengrandecedora.
Durante temporadas de síntese e consumação, eu enxergava, naquelas terras selvagens, um feroz leão que sempre saía de seu aposento para a vista universal, confiante de si. Seus olhos provocavam o temor da morte em seus inimigos: calafrios reinavam sobre seus corpos e suas peles tremiam de modo a não parar. Nenhuma falsa lógica, nenhum corrompido valor moral poderia tirá-lo de seu posto, e seria negação de si aceitá-los de algum modo e passar a agir conforme as leis de um mundo demiúrgico.