Incômodo Denunciativo

No canto residindo, desejando algo falar, algo apontar em denúncia: denúncia auto-denunciativa. Denunciando sua podridão, sua vileza, seu reino da falta, o ingênuo acusador condena a si mesmo à crença do nunca. Mal sabe tal observador problemático que bebe do próprio veneno. A causa de seu incômodo é o reflexo de seu ser.

ESPIRITUALIDADEPROSAPOESIA

Virya Escritos

10/21/20243 min read

No canto residindo, desejando algo falar, algo apontar em denúncia: denúncia auto-denunciativa. Denunciando sua podridão, sua vileza, seu reino da falta, o ingênuo acusador condena a si mesmo à crença do nunca. Mal sabe tal observador problemático que bebe do próprio veneno. A causa de seu incômodo é o reflexo de seu ser. Sua crença baixa se transpõe de seu íntimo ao mundo, e quando isso ocorre, procede de modo a evidenciar publicamente, ainda que de forma sutil, seu estado vergonhoso.

Num tipo de narcisismo oposto, o auto-reflexo é projetado na figura odiada, desenhando aos ares a enganosa imagem da semelhança. Nessas linhas de aspersão sintomática, o curandeiro confunde-se com o poeta, ou melhor, ele é chamado a sê-lo de algum modo; ele poeticamente trata da manutenção da saúde. Mas de uma poesia peculiar experimenta.

Borboletas ofendidas com o jardim, o oxigênio não é de bom grado, o verde não as convida. Não as agarre, porém. Assista-as voar para longe, muito longe, além da aurora boreal pelos corações amada. Além das distantes luzes em sintonia, se observa o voo de límpidas asas, brancas como a neve. As rosas encontram grande prazer perto das altas montanhas cuja vastidão pode ser apenas superficialmente medida. Não há medição para o que contém A-mor. Imortalmente se atirando ao solo as folhas das árvores. A sorte favorece os audazes, e no Poder a satisfação encontra lar.

Achando se tratar de vinho, bebe do próprio sangue o parasita. A infecção reside nele, eu pego as suas mãos apenas para esmagá-las ainda mais. Ensinando a praga a se extinguir mais rápido, admoestação caridosa. Fazendo favor a si mesmo se distancia dos poços sagrados e a linha demarcada dificilmente cruza.

Sonhando em um sonho, eu acordo do primeiro antes que a princesa me chame, antes que o Sol se cubra com a Lua, antes que as feras afiem suas unhas e esfreguem seus dentes petrificados sobre os resquícios de falsa esperança que tão insignificantes hienas deixam para trás. Nessa apresentação, é vista a saliva percorrer pela língua, que tão ansiosamente deseja por novas presas. Significação se dando com o assento acima do sentido. Atribuir tenuidade em frente aos mistérios é norma no mundo dos mortos-vivos.

Descida

Descendo às profundidades, as escadas vão se desfazendo ao longo do caminho, mas os pés já não precisam delas. A audição é submetida à movimentação caótica, a guerra mental conhecem os que à Luz perseguem.

Subida

Subindo para escadas atraentes que chamam dentro das extremidades das composições etéreas, mas que atravessam muralhas e alcançam outros planetas em um sistema solar criogenizado. E dessa criogenização uns são o gelo, enquanto outros como o fogo queimam. Congelando o tempo em um espaço inexpressivo, expressão muda aos ouvidos surdos.

A posição esférica adentrando aos riscos das linhas mantidas em sigilosa segurança, prevenção pensada sem consciência. Imaginar antes de ocorrer: um perigo; respirar sem viver: um crime. Pressão colocada sobre os joelhos, mas eles se recusam a dobrar. Confrontação corajosa, o tamanho da serpente se torna irrelevante, nada é maior que minha cultivada Força.

Fazer, retornar, fazer e retornar, fazer para retornar, fazer para durar. A mira está na Infinitude. Que tudo acaba pensam os tolos, pois a Glória Dourada que se experimenta é de teor eterno, a pulsação amorosa com arco abençoado flechas fortificadas atira. Experimentar essa benção é privilégio reservado, perdido pela contraposição das atitudes quanto à essência. Sem alma nasceram os que à alma negam: da Alma da Redenção brotam as desejadas inclinações.

Artigo por Virya Escritos, arte por Wanderer Ygg.